terça-feira, 7 de setembro de 2010

Refúgio

Idos de 1969. Primeiro ano clássico, vinte e dois alunos. Período noturno. A classe: uma sala construída para ser uma espécie de almoxarifado, no fundo da escola. Na falta de outro lugar, instalaram nossa turma nesta sala. Primeiro, provisoriamente. Depois, definitivamente. Logo apelidaram de refúgio. Era a última turma de clássico no Instituto de Educação Prof. Alberto Conte, em Santo Amaro.

No ano seguinte, tudo mudaria para colegial. O bom de estudar no refúgio, era que os inspetores ficavam ocupados com o prédio principal e, entre uma aula e outra, era uma festa.

Certo dia, alguém teve a idéia de colocar um cesto de lixo (de cabeça pra baixo) em cima da porta entreaberta. Cesto leve, fundo de madeira e lateral de palha. Quem chegava, abria a porta e o cesto caía. Ao cair, batia no ombro ou nas costas da pessoa, para depois cair no chão. A cara apalermada do colega, a surpresa, o susto e o coro de risadas faziam alguns chorarem de rir. E a brincadeira se repetia.

De repente, entrou o próximo. Desta vez, o cesto não bateu no ombro nem no peito. Encaixou direitinho na cabeça. Num relance, a classe emudeceu e o que era graça virou perplexidade. Era nosso diretor! Tirou bruscamente o cesto e, numa palidez mortal, perguntou: “Quem foi o engraçadinho que fez isso?”. Num ataque de raiva mal dissimulada, ele insistia para o autor se acusar. Ameaçava suspender a classe toda se isso não ocorresse. Era tempo de provas! “Todos somos culpados”, alguém arriscou. Afinal, todos estávamos nos divertindo! Lentamente, um a um, fomos saindo. Diretamente do refúgio para a diretoria...

2 comentários:

  1. hoje ñ tem mais essa união da parte dos alunos, e um monte de grupinhos em uma sala. Achei bem divertida a história.

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  2. Obrigada, Raquel Helena. Acho que a nossa turma era mesmo um pouco diferente. Continue passando por aqui. Beijos

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