sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

É carnaval





A cidade está repleta de alegorias. Liga-se a TV e lá vem o baticum e os rebolados. Cores efusivas. Consta que em finais do século XVIII, o entrudo era a prática por aqui. Macaqueamos os bailes parisienses até mesmo colocando-o sob forte controle policial. Em vão. Não põe corda no meu bloco, nem vem com seu carro forte, nem dá ordem ao pessoal. Foi o que predominou. No bairro não é diferente. Um grito aqui outro acolá. É o carnaval se manifestando.
O bloco Reciclar, no bairro Jardim Suzana, zona Sul de São Paulo começando a festa que precede a maior, aquela do Sambódromo do Anhembi, do arquiteto Oscar Niemeyer. O tema daqui foi “Água, sabendo usar não vai faltar”. As águas vão rolar. Garrafa cheia eu não vi sobrar.

No burburinho de gente, crianças e até o cachorrinho aceitando um carinho. Depois da padaria, uma igreja e casamentos. Misturado à marcha nupcial, ouvia-se o som das caixas, cuícas, pandeiros, surdo e reco-reco. Avenida retumbante.

Muitas latinhas de cerveja para reciclar. Poluição sonora. Um narguilé no centro da mesinha qual arranjo de flores, rodeado de bebidas e instalado na calçada. Mesinha rodeada de jovens sorridentes e dançantes. E viva a diversidade. Não me leve a mal, é carnaval.

Pare cruze com cuidado, dizia a placa. Parei no contraponto. Um jovem a colar, ao ritmo dos surdos  cartazes em todos os postes. Os dizeres: ”Joga-se búzios, cartas e tarôt. Simpatia para o amor. Resultado em 3 dias”. Quanto riso, oh, quanta alegria.

Na igreja ao lado, simpatia e amor. Aqui e agora uma união fashion com direito a Rolls Royce e tudo o mais. Ao largo, passam cavaleiros e amazonas em seus cavalos galopantes. É São Paulo. É Brasil. É bem aqui. Cai a noite quente. É fevereiro.

Por: Suely Aparecida Schraner  
Publicado no site: www.saopaulominhacidade.com.br
 em fevereiro de.2010