sexta-feira, 25 de abril de 2014

Poesia é o futuro













Poesia é o futuro
Por mundo mais afinado
Rimando e contando caso
Fica tudo animado
Pra vida ser bem mais leve
E não ficar amuado

II
A leitura é uma viagem
Apura-se o ouvido
Aprende-se o passado
Lendo, se torna sabido
Semeia-se o futuro
E a gente fica atrevido

III
Cleusa Santo é cordelista
Escalou muito degrau
Conta e ensina cordel
Eleva qualquer sarau
Valorizando o presente
Descartando qualquer mau

IV
Juntos no SESC Interlagos
Futuro já é agora
Abaixo qualquer problema
Tristeza que vai embora
O tempo passa depressa
E a saudade é senhora

V
Vou ficando por aqui
Aplaudindo a freguesia
Construindo meu futuro
E tecendo a poesia
E de todo coração
Agradeço a cortesia

domingo, 13 de abril de 2014

Sem noção


foto by suely schraner

I
Uma avó especial
Para mim tudo fazia
Carinho mais cafuné
Que a tudo me aprazia
Cedo no fogão de lenha
Preparava ambrosia
II
Era um doce bem gostoso
Que a gente saboreava
Fazia um café ralinho
E bolo também me dava
De noite um chocolatinho
Que doce sonho eu sonhava
III
Amigas inseparáveis
Avó que eu tanto adorava
Pra lá, pra cá, sempre juntas
Cantava e também rezava
Na procissão, de anjinho
Ela assim me enfeitava
IV
Avó de forno a lenha
Tinha ainda o seu formão
Fazia as hóstias do padre
Com a maior dedicação
Para mim tocava as sobras
Bem antes da comunhão
V
O meu sabor da infância
Assim tão imprevisível
A avozinha tão querida
Pessoa inesquecível
Transformava os meus dias
De maneira indizível
VI
Costurava umas bruxinhas
Bonecas que eu adorava
Comprou-me as panelinhas
Que a priminha cobiçava
Um dia, lá no quintal
Eu a ela “cozinhava”
VII
Peguei cocô de galinha
Misturado com um torrão
Fiz alguns biscoitos lindos
Ofertei de antemão
Para a priminha invejosa
Que comeu na ilusão



VIII
Ao ver aquilo de longe
A “vó” correu na aflição
Menina não faz mais isso
Eu sofro do coração
Agora vai pro castigo
Que coisa mais sem noção.
foto suely schraner
Oficina de cordel - Cleusa Santo


Pouco com Deus é muito


I
Maria Valeriana
Senhora magra e sozinha
Andava de sol a sol
Catando papel, latinha
A velhice ia longe
Dinheiro nem pra farinha

II
Na minha casa ela vinha
Pegar todo jornal velho
Qualquer coisa lhe servia
Até mesmo escaravelho
Na carroça abarrotada
Direto pro ferro-velho

III
Muitas vezes arrastava
Pra mais de oitenta quilos
Andando na maior fé
Abominando vacilos
Coluna prejudicada
Nenhum lugar pra cochilos
IV
Rendeu só onze reais
Toda a tralha carregada
Falei que era muito pouco
E que ela estava “pregada”
Que dor nas costas era grande
E a fome não mitigada
V
“O pouco com Deus é muito
E não reclamo jamais
Se, puxo a carroça agora
Garanto meus dez reais
Dá pra comprar o açúcar
E ainda me sobra mais”

VI
Ela era pobrezinha
Um animal de tração
Na carroça tudo junto
Só valeu pouco tostão
O pouco com Deus é muito
Sua forma de oração

foto by suely schraner