"Vim da terra vermelha e do cafezal.
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo."- Candido Portinari (Brodósqui, SP, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1962)
As almas penadas, os brejos e as matas virgens
Acompanham-me como o espantalho,
Que é o meu auto-retrato.
Todas as coisas frágeis e pobres
Se parecem comigo."- Candido Portinari (Brodósqui, SP, 1903 - Rio de Janeiro, RJ, 1962)
Choveu
na véspera e durante a noite toda. Era uma sexta-feira de outono e a manhã nublada
anunciava mais temporal. Pouco tempo
depois, o sol furou as nuvens e iluminou a mão espalmada com o mapa vermelho ao
centro. Ofuscou as vistas, reluziu na arte. O azul do céu dominou a cena. A beleza da arquitetura do Memorial da América
Latina explodiu em cores e harmonia.
Revoadas
de crianças e jovens, em algazarra, aguardavam para ver a exposição Guerra e
Paz, de Portinari.
Ao
chegar, nosso grupo foi recepcionado por Rodrigo Linhares, que enriqueceu a visita
com seus conhecimentos e paciência.
Começamos
pela Galeria Marta Traba, onde foi possível ver os 100 estudos preparatórios do
pintor. Esboços, documentos históricos, e outras obras de colecionadores vindas
de toda parte. Até de Londres e Milão.
Guerra e Paz é uma obra
monumental doada pelo governo brasileiro, à sede da ONU em Nova York. Candido
Portinari realizou esta encomenda do governo brasileiro, entre 1952 e 1956. Foram
seus dois últimos e maiores murais.
Um
planejamento de uma reforma no edifício da sede da ONU, possibilitou articulações
entre o Governo Federal e empresas estatais, que viabilizaram o projeto Guerra e Paz. De fevereiro a maio de
2011, os painéis foram restaurados em ateliê no RJ. Em 2012 chega a São Paulo.
Depois, seguirá em itinerância nacional e internacional até retornar à ONU, em
2013.
De
volta ao pátio do Memorial com o sol a pino, atravessamos o “deserto”. Chegamos ao Salão de Atos
Tiradentes. Imponentes painéis de 14m altura por 10 de largura, compostos por
28 placas de madeira compensada naval de 25 quilos cada, nos aguardavam.
Se queres ser universal, começa por pintar a tua aldeia, disse Tolstoi.
Olhos
rútilos, respiração suspensa e emoção contida. Apreciamos o contraponto entre o
drama e a poesia, a fúria e a ternura.
De
um lado, a força e a intensidade das tragédias provocadas pelas guerras,
injustiças, desigualdades e fome. Do outro, a placidez dos folguedos, a alegria
das brincadeiras, as artes e amizades das pessoas.
E
na Biblioteca Latino Americana, mais arte na veia. Arte transformadora. Veias
que se abrem à paz e ao bem viver.
A
paz é um jeito de ser.
Nota:
Sem curso primário completo mas com muita tenacidade e talento Portinari
tornou-se um dos mais famosos pintores das Américas.Produziu mais de 5 mil
obras,de pequenos desenhos a grandes murais.