sexta-feira, 30 de dezembro de 2011

Ano Novo


O ano novo é só o dia seguinte
Seguinte é este instante
Magia de instante vivido, relido.
Releitura de um tempo que se foi.
Releitura de um tempo que já vem.
Presente? Passado? Futuro?

Passagens.
Passagem de ano.
Passagem de rodoviária.
Passagem de aeroporto.
Passagem do cais do porto.
Passageiro desta vida.
Passamentos.

 
De lembrança em lembrança, um tempo que vai e vem.
O cérebro em ondas magnéticas.
Separa daqui. Apaga dali. Reedita dacolá.
E o Ano Novo chega já.

Que traga muita esperança
Energia renovada
Força latente
Pensamentos
Momentos
A vida seguinte

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quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Exultação




Exultais povo de São Paulo que habitas na capital. Exultais e fotografais todo o brilho e parafernália da avenida mais famosa, com seus carros “bibelôs de asfalto”.

Árvores a competir em tamanho e grandeza vos contemplarão do alto dos seus patrocinadores. Tudo o que reluz é ouro? Ouvireis jingle e buzinas a cada esquina. Exultais. É chegada hora da messe e aquisições por impulso. Xing Ling ou não, os sinos badalam em sua glória.

Exultais ainda que sejais contristados por várias provações no trânsito caótico, sob um sol incandescente. Um rebanho a clamar pelo tempo que se foi e pelo ano que já vem. A luz emoldurará as cãs e a neve da decoração surreal refrescará toda alma natalina. 

A falta de bois, jumentos, reis ou incenso será compensada  com lojas abarrotadas e apelo irresistível. Não reduzireis o consumo. Não reutilizareis as embalagens. Não reciclareis os resíduos. Não recusareis o que não é necessário. Entretanto, repensais  esta atitude e sereis perdoados de todo egoísmo praticado no ano que se vai.

Os fogos espocando e suas luzes, como idéias reluzentes, acalentarão corações e mentes. Exultais e também orais. Com o advento da temporada das chuvas e das enchentes, virão escorregamentos. Na São Paulo de inundações, o medo das bactérias da urina do rato, será ofuscado pelo brilho incontido das luzinhas multicoloridas.

Exultais que por ora, prevalece o espírito natalino. Exultais que neste advento, as doações são mais generosas e os sentimentos mais fraternos. Exultais que é tempo de celebrar. 

Exultais e orais, para que o festim pantagruélico, não corroa o fígado cansado de guerra. Orais para que se precisar, os doutores estejam lúcidos e não transformem seu diagnóstico em simples virose. 

domingo, 11 de dezembro de 2011

Bom Natal e ótimo Ano Novo

A fonte de inspiração são as pessoas que nos dão a oportunidade de praticar a compaixão. Contribuem com atitudes positivas por um mundo melhor, seja agindo ou dando a oportunidade a quem quer agir. Exercitar a misericórdia, ser piedoso. Ser capaz de compartilhar um pouco do sabe e do que se é. Simples assim. Coisa que não depende de dinheiro nem escolaridade, nem de força física.  Basta pensar, sentir e agir. Um caminhar mais humano, ético e equilibrado. Calor humano. A paz é um jeito de ser. Um compromisso permanente com a vida e o viver com solidariedade. Boas celebrações e ótimas ações em 2012.

Suely Aparecida Schraner

domingo, 4 de dezembro de 2011

Cascata de lama



Mãe morrera cedo. Foi ter com a madrinha. Casa velha da fazenda: lavar, tear, plantar e colher. Banhos no córrego transparente. Cobra d’água reluzente tantas vezes, presente. Escapar. Arriar cavalo, cuidar do monjolo. Faina a consumir dias em noites de pirilampos. Corpo a clamar carinho, querer um ninho.

Veio de mansinho. Sorriso aberto, olhar sincero. Viúvo. Seis filhos. Casamento e viagem à capital. Talento reprodutor. Dúzia de vidas em miniaturas, atual. De crupe viral, um morreu. Ambulância a rodar pela cidade e vaga zero. Sair do sertão e ver filho morrer, sem atenção. 

A garoa, os raios e tempestades. Água da chuva e lágrimas de dor. Concreto armado e paz desarmada. Ilhas de calor. Incentivo a ocupações desordenadas. Assistir proliferação de áreas de risco. Miopia gerencial de governantes. Promessas ladeira abaixo.

No alto, o boteco. Porão de guardar garrafas de vidro. Era tudo retornável. Até litro de leite. De vidro e tampa de alumínio. Deixado na porta. Vez por outra, encontrado pela metade. Embaixo, o barraco. E chuva. Cascata de lama a se apressar em beijar alicerces. Construção em mutirão sem nível. Vida sem prumo nem rumo. Noites de agonia. Acordar com a água a ensopar o colchão. Levantar, pegar canequinha e balde. A criançada a raspar a água. Improvável percussão no amanhecer. Clareia e a vizinhança comenta a sinfonia. Sol a secar tudo no telhado singular.

Um dia, tudo ruiu.  Homem forte chorava, tremia, na ventania. Sacudidos, da vida urbana excluídos. Cidade tragável, tragando. Aturdidos.

Das quase 17 mil toneladas de lixo por dia, moderna opção de vida. Equilibrar o resíduo. Desequilíbrio climático e um catar sorumbático. Catadores. Desgaste planetário para futura geração. Das cordilheiras de lixo escapar da vida de bicho. 
Suely Aparecida Schraner