Distraídos tropeçaremos. Um momento de descuido e
"cataplam"! Beijei o chão.
No pronto socorro, que de pronto não tinha nada, a espera foi de mais de duas horas. Plano de saúde privado não difere muito do público não. Saúde pela hora da morte, como dizia a avó.
No pronto socorro, que de pronto não tinha nada, a espera foi de mais de duas horas. Plano de saúde privado não difere muito do público não. Saúde pela hora da morte, como dizia a avó.
Enfim em casa. Uma bota de gesso pesando nas ideias. Vida
ao rés do chão.
Ah, esse tal de repouso absoluto! Descobri um monte de ações
que eu nem sabia que fazia na existência vertical. Só agora eu sei.
Mais e mais utilidade pra bunda. Descer dezesseis lances
de escada, de frente e com o auxílio das mãos. Palmas em “petição de
miséria”. Danação.
Subir de costas é pior que purgante. Levantar o abdômen
apoiando-se com as mãos, verdadeiro “lesa
autoestima”. Suores cascateando fumegantes. Pulsos ardentes. Coração
saltitante. A curva da escada baila comigo. Bundas não foram feitas pra isso
não.
Levantar e aprumar, perdição. Sobrados não são nada
inclusivos.
Braços e mãos livres, um achado. Bengalas como extensão da mão e suas mil e uma
utilidades: apagar luz, puxar objetos e a cadeira de rodinhas, entre outras.
Muletas que mordem axilas. Mastigam palmas das mãos.
Voracidade na cidade.
Nesse ínterim, a rua sentirá minha falta. Calçadas
esburacadas idem. O sol que me ilumina e derrete a neve.
Dureza na leveza de papo pro ar. Leituras.