terça-feira, 7 de setembro de 2010

Vó Tutinha

Para ela a fé e a Igreja estavam acima de tudo. Calo
nos joelhos até. De tanto rezar. Terço e rosário.
Fazia hóstias, arrumava o altar. Biscoitos pro padre. Uma santa, diziam.
Ficou órfã precocemente e foi educada pela irmã mais velha a vó Abília. Casou-se aos 18 anos. O marido, vô Américo, morreu aos 36 anos de idade. Nessa ocasião, os parentes ricos queriam adotar seus filhos. O mais velho tinha 11 a caçula, tia Dandá, seis. Nem pensar, ela disse. Não vou separar meus filhos por nada deste mundo. Trabalhou duramente criando os treze filhos sozinha. Tá certo que nem todos vingaram. Restaram quatro. Dois homens e duas mulheres. Naquele tempo, crianças morriam fácil, fácil. De febre vacinal, diarréia e icterícia.
Da sua boca aprendemos a rezar. Todos de joelhos em frente ao oratório ao entardecer. Quem sentasse em cima dos joelhos levava um beliscão. Um cochilo aqui outro ali, que ninguém é de ferro. Muita missa e procissão com velas e figurinos de anjinho....
Índia, era o que contavam. O vô Américo, filho de negra com português, de olhos verdes e cabelos carapinha. Bom sapateiro. Partiu precocemente e a deixou cheia de fé, de filhos e problemas com o caçula.


Tadim, assim o chamavam porque tinha muita dor de barriga e chorava sem parar.
Uma vida inteira trabalhando e rezando sem parar. O filho caçula, pra mal dos pecados, depois de grande, cometeu pecado capital.
Vó Tutinha morreu de derrame aos 62 anos.
O nome de batismo era Conegundes Maria Fernandes.

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