quarta-feira, 17 de outubro de 2012

Fuxico




Aproveitando retalhos. Bebendo de fontes artesanais.   Remoendo ensinamentos. Cacos de vidas em instantes mágicos.  Juntar cada pedaço.  Enlaçar.

É no Centro de Cidadania da Mulher de Santo Amaro que se dá o advento. O destino da diversidade nas tramas e fios.  A nossa facilitadora Lu Maciel, o fio condutor desta magia. 

Polegar opositor. Mãos que fazem. Intensas histórias de vida. Pedacinhos de tecidos de cores e amores. Uma forma de oração. Corações vividos. Laços cingidos. Desenrolar de casos. Casear e conversar. De novelas, de políticos. De viver e de ser. Enquanto se realiza o fuxico, a mente se aquieta. O eu interior se organiza. “Fuxico terapia”.  Meditação transcendental e uma forma de oração.

Viemos do meio, somos o meio, estamos no meio.  Sem rodeio. Um pequeno círculo com as extremidades alinhavadas e já temos uma flor. No círculo dessa amizade sai um pássaro, um bichinho. Afagos. O buraco da agulha, o passar da linha e o desenrolar da existência. Mosaicos de amor e beleza.  Sussurrar e liberar o pensamento. Soltar a voz.  Customizar.  Trouxinhas transformadas.  Falas re-significadas. Ponto atrás, chuleado e corrente.

Consta que nenhum país produz mais fuxico do que o Brasil.
Tudo começou com o cultivo do algodão. Os índios o cultivavam e teciam suas redes.  Era só um trançado. Ainda não era tecido. Os jesuítas não gostaram dessa gente assim pelada. Catequizar e vestir. Daí, para o desenvolvimento do tecido. Em toda propriedade, um tear para a produção manual de tecidos de algodão.  A fartura de pigmentos naturais possibilitou a variedade de cores.

Nesta época, indústrias caseiras fabricavam além do tecido de  algodão, o fustão,  as chitas e alguns brocados. Esta miscigenação cultural gerou a criatividade da nossa gente.  Inspiração total. O fuxico, dizem, tem sua origem atribuída aos escravos africanos. Já no século XX, se popularizou dentro do universo do patchwork.

Fuxicar é também fazer amigos. Se alegrar, se estimar. Importante no grupo de fuxico do CCM,  é o ambiente de camaradagem. Onde, é fácil criar e sorrir. 


17.10.2012
CCM= Centro de Cidadania da Mulher de Santo Amaro
Rua Mario Lopes Leão, 240

domingo, 14 de outubro de 2012

Salve o Professor





O dia 15 de outubro de 1827 foi consagrado à educadora Santa Tereza D’Ávila.

Eu me lembro de professores que se sagraram pela paixão de ensinar. Em mim, deixaram ensinamentos e muito vontade de saber mais. Outros, nem tanto.

Foi D. Pedro I, quem baixou um Decreto Imperial que criou o Ensino Elementar no Brasil.
Este decreto estabelecia que: “todas as cidades, vilas e lugarejos deveriam ter suas escolas de primeiras letras”.

Nas minhas primeiras letras, eu pude contar com os ensinamentos da minha tia-madrinha que respondia às minhas perguntas: “que é que está escrito aqui”? Assim ,quando pisei na escola pela primeira vez, em pouco tempo, fui “promovida” para o 2º ano.



Nesta escola, contei com o reconhecimento e as luzes da professora Ana Luiza. Era uma pessoa muito doce de voz mansa e que usava um avental branco. Desenhava lindas casinhas com coqueiros, montanhas e sol. Eu fazia tudo para imitá-la.

Neste mesmo decreto de D. Pedro, constava: descentralização do ensino, salário dos professores, matérias básicas que todos os alunos deveriam aprender e até como os professores deveriam ser contratados.

Nem sempre valorizados, sabemos que nos dias de hoje, a opção por licenciatura, se dá por falta de opção. O que é muito triste. Nem todos que se formam, seguem a carreira.

Somente em 1947, 120 anos após este decreto de D. Pedro I, ocorreu a primeira comemoração de um dia dedicado ao Professor. Consta que começou em São Paulo, numa pequena escola no número 1520 da Rua Augusta, onde existia o Ginásio Caetano de Campos, conhecido como “Caetaninho”. O  período letivo do segundo semestre era longo. De 01 de junho a 15 de dezembro, com apenas 10 dias de férias em todo este período. Então, quatro professores tiveram a ideia de organizar um dia para comemorar e fazer o planejamento para o restante do ano. A celebração foi um sucesso. Espalhou-se pela cidade e pelo país nos anos seguintes. Foi oficializada nacionalmente como feriado escolar pelo Decreto Federal 52.682, de 14 de outubro de 1963.

O melhor professor é aquele que desperta a vontade de aprender.  Sinaliza caminhos.

Apesar dos salários baixos, falta de respeito, excesso de carga horária, entre outras coisas, ainda existem professores dedicados, incansáveis. Mestres do cotidiano. Abnegados, despertam esperanças. Estimulam sonhos. Independente de decretos, reconhecimento e da falta de cumprimento das normas.

Salve o Professor! Inclusive no sentido do verbo salvar.

15.10.2012
Fontes:
Site www.diadoprofessor.com.br
Site www.unigente.com