domingo, 31 de julho de 2016

O uivo ecoou



O uivo ecoou  





nos segundos trôpegos

nas duras pisadas

levitados  urros



do centro da mesa redonda

livros -

montanhas



idéias escaladas

folheadas

de páginas, libertas falas



olhares, ousadias caras

chilreios de pássaros

sob sol sagaz



poesia nua e crua



nem cânones

nem opressão



na segunda fui feliz

pulsação na trilha

trajeto

                       beatitude  

                                                 

quinta-feira, 21 de julho de 2016

Ganhei um livro




foto Suely Schraner
Interior da carroça de mãe moradora de rua -Av. Paulista

Brasileiro não tem o hábito de ler.
É o que dizem as pesquisas

Bibliotecas são sisudas. Quem chega lá, ou é para estudar ou para fazer pesquisas. Tudo por obrigação.
É o que dizem as pesquisas

Esmolas financiam o uso de drogas das crianças  em situação de rua.
É o que dizem as pesquisas

Crianças e adolescentes arriscam suas vidas com trabalho infantil e mendicância nas ruas.
A ONU Brasil,  falou que são cinco milhões nessa condição. O IBGE não contou. Mistério.
Fogem de casa por conta de violência doméstica e o” escambau”.
Pequenos refugiados urbanos na cidade de São Paulo
É o que dizem as pesquisas

A mais cosmopolita de todas? 
Cultural? Maior centro financeiro?
É o que dizem as pesquisas?

Daí que ele chegou  e pediu um dinheiro.

Eu só tinha um livro
Ofereci
Ele pegou, olhou e sorriu

Saiu saltitante e gritando pros amigos debaixo do viaduto:
“ganhei um livro, ganhei um livro, ganhei um livro”!

Do desterro pra glória, da agonia para o êxtase

O quê mesmo querem dizer as pesquisas?


terça-feira, 12 de julho de 2016

Brilha, brilha, brilha

 
foto: Suely Schraner
Parque da Barragem


foto: Suely Schraner
Represa de Guarapiranga - Parque da Barragem


Brilha e pedala
pedala e brilha
O menino e a bicicleta
O sol cruza um pássaro
Céu brilha o sol
Sol brilha o céu
Bicicleta-pássaro
Pedala,cruza
Brilha, brilha, brilha.

sábado, 9 de julho de 2016

Do eu e da praça


Praça Pedro Caetano Valente, SP-SP 


Eu sou o inseto errante a acertar na mesa, do lado do livro.
Aqui ouvindo Walt Wittmann, navego em sons de  pedras de dominó de velhos jogadores.
Sob o baque abafado de cartas de baralho, respiro verde e monóxido de carbono dos escapamentos vis. 
Carros resvalam  no  asfalto carente de tardes vadias.
Na roda do carrinho do bebê, navega meu ego em poesia concreta, a espera de ninares. 

No ronco dos motores deito a pena das formigas. O inseto que há em mim louva livros.
Do meu âmago, despertares. 
Cantares, falares, olhares, calares.