domingo, 15 de abril de 2012

Não toque em estátuas




A visita foi num sábado de outono com cara de verão ensolarado, na av. Paulista de todos os rostos e cores. O MASP, é o museu mais frequentado de São Paulo, com média de 50.000 visitantes/mês(* ).

O edifício sede do museu, com 11.000 metros quadrados divididos em 5 pavimentos e com vão livre de 74 metros, é um ícone da cidade de São Paulo.

A fila quilométrica dava conta do sucesso da exposição “Roma”. Consta que foi visitada por cerca de 160 mil pessoas em dois meses. Nesta fila, visitantes eram abordados por um “poeta do vão livre”. No folheto que comprei o poema “Rochas”, de Antonio Luiz Junior, o Tony: “A rocha não se moveria, /Não chuta, não adianta,/Não se convenceria.//A rocha não saberia,/ Não fala, não xinga, /Não lhe ouviria.// Teus atos estão guardados/ Como um pensar mal bolado/ Segregando a rocha.// Embrulha teus sentidos/ Porque os estão discutindo/Os deuses do Olimpo”.

Lembrei que em priscas eras, o escritor Plínio Marcos também vendia seus textos em filas de teatros.

Lá dentro, centenas de estudantes e professores, se espremiam no espaço contíguo e escuro. Professores gostam de efemérides.

A mostra tem 370 peças.

Roma se tornou império dominando territórios desde 27 antes de Cristo até 395 anos depois. Máscaras dos teatros, capacetes e punhais dos gladiadores, que lutavam no Coliseu, davam conta dos tempos da política de pão e circo. Douravam a pílula para que o povo não se revoltasse contra os problemas.

Nero, que chegou ao poder em Roma aos 16 anos, impávido naquela estátua de nariz quebrado. Pudera! São estátuas de mais de 2.000 anos... Em seu governo (do ano 54 ao 68) um incêndio de seis dias quase destruiu Roma.


As jóias das mulheres romanas, modelos antigos de chaves, pratos e até compasso revelam a influência de Roma na vida atual.

Placas de metal eram usadas como documentos pelo exército de Roma.  Estrangeiros só conseguiam ter direitos no império, quando se alistavam no exército e então ganhavam estas placas que eram a prova de cidadania.

Ver, sentir, agir, expor, se expor. A vida, um contraponto. Tão longe, tão perto nada é deserto. Decerto.

Não toque em estátuas. Emoções aprisionadas espreitam seus pecados através dos séculos...

(*)Fonte: Folha SP 2009