Palavras no silencioso caminhar. Caminhar pelas praças e
ruas com toda palavra. Palavra que mora na gente, nas coisas, nas sensações a
espera do despertar. Despertar no cheiro ácido do abacaxi de cinco dinheiros.
Dinheiros como as águas poluídas num quase silêncio. Silêncio de olhos cheios
de claridade. Claridade do sol que banha a gente na paisagem que se abria num
catálogo de sons. Sons calados no amontoado de ruídos do mundo. Mundo que
acolhe seus talentos como quem colhe diamantes. Diamantes das franjas do sol
sol filtrado sob as árvores. Árvores
pejadas de poesia. Poesia-fruto em passos largos de solidão da paternidade em
seu pedal frio. Frio das aves ausentes. Ausentes da procissão de carros. Carros
parados no sinal da esquina da farmácia. Farmácia que ignora a viatura da
polícia, o resgate, a doença e o risco. Risco que a rota das folhas conhece bem
em meio ao lixo da relva. Relva na praça sem criança. Verdade, mentira. Mentira
que afaga vergonhas e abranda temores. Temores, lágrimas, suor e graça na
poeira de São Paulo. São Paulo a senha pra fruição, amores, desamores,
quereres. Quereres num sol forte em fim de tarde como o trapezista do circo
saltando no espaço sem rede de proteção. Versos e reversos.
sexta-feira, 24 de junho de 2016
quinta-feira, 2 de junho de 2016
O silêncio fala
Um admoesta. Outro escamoteia.
Nem muito longe, ronco de motores dividem o asfalto com
nosso fôlego curto.
Passos largos.
Na poeira do vento, esgar e advertência. Espiritual.
Vozes do além, de
união, em fé incondicional.
Amalgamados silêncios
Ideias soltas ao vento
Toc-toc de pedras tilintando concretos dominós
Plaft-plaft abafado das cartas embaralhadas em tarde que se arrasta.
Farfalhar
de folhas secas sob pés surdos do
existir Sussurros ao pé do ouvido em bocas de casal. Ela sonha com um casaco
barato que abrace braços cálidos de amor
sem fim.
Pigarros visam escapar de gargantas rasas de inflamação.
Danação.
Enquanto isso, meus olhos contemplam a beleza dos desejos
projetados em silêncio e arte.
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