quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Solo Sagrado




foto by suely schraner


Um grupo para contemplar, recitar, meditar.

Naqueles espelhos d'água, o reflexo das nossas sombras e as carpas a brilhar.

A natureza se impondo naqueles 327.500 metros quadrados de beleza deslumbrante e singular.

Ninguém imagina este oásis na agitação da cidade de São Paulo.

De um lado, a represa de Guarapiranga com sua beleza plácida, e do outro uma imensidão de verde de todas as tonalidades.

As alamedas floridas com as cores do arco-íris. A suave brisa da manhã em um cenário perfeito.

O sagrado habita entre nós. O que seria uma manhã como outra qualquer acabou em arrebatamento. A poesia tecendo nossos momentos, nossos anseios, nossas caras clicadas.

Combinando o ato da leitura com o ato da visualização. Deixando um gosto de quero mais.

A gente se exibindo no que éramos naquele momento: puro êxtase.


sábado, 20 de agosto de 2011

Travessia


Ajeita o cabelo, passa brilhantina e coloca o boné ainda dentro da garagem. A mulher o indaga sobre aonde vai. “Caminhar é bom pra saúde. Viajar de carro até a padaria engorda, faz mal pra gente e contribui para a mudança climática. Em mim é que ninguém vai pôr a culpa destas coisas ruins”, ele disse.

Mais um dia pela frente. Andará com fé. Exercerá a mais antiga qualificação humana.  A mulher abrirá o portão de pedestre e acenará já de costas. Na semana anterior gastara o domingo arrumando as plantas. A planta do pé doía. De tanto ficar de cócoras, estava com as pernas e costas doloridas. O que interessava afinal é que estava tudo arrumado e o jardim ficara lindo. Os olhos embotados de lembranças e silêncios.

A calçada inóspita, caçambas e que tais a obstar o alegre e saudável movimento das pernas. Pernas bambas escorraçadas para o meio da rua entupida de veículos. Pensará que dentro do carro o homem é um, fora dele é outro. Uma isca de espaço para caminhar. Sonhara com um ambiente urbano mais harmonioso. Calçadas mais largas, sem buracos, degraus ou rampas. Risco no percurso e não só na travessia, exigirá do seu corpo esforço extra.

Desenvolverá um bom padrão de marcha pisando primeiro com o calcanhar e, em seguida, com a planta do pé. Não esquecerá de que, trabalhar a lateralidade (esquerda e direita) é importante no flanar. Pensará que a habilidade da mobilidade está dentro da gente.

Do jegue ao automóvel, a vida em desnível, saltos e sobressaltos.  De assalto um pensamento acorrerá lembrando que, o ponto de encontro em que se dará o conflito entre motorista e pedestre é quando estes cruzam a via.  Pois agora tentava cruzar a avenida. Lembrara de visitar um amigo que retornara de uma internação. Haveriam de celebrar o reencontro. O que interessava afinal é que o pão estava quentinho e a prosa da padaria, mais a caminhada, tinham sido formidáveis. 

Lembrará que o pedestre depende da educação e do humor do motorista. Que deu no jornal, que no ano passado, 630 pedestres morreram atropelados em São Paulo. Nas esquinas ou cruzamentos, motoristas podem até reduzir a velocidade, porém nos trechos contínuos, é um “salve-se quem puder”.


Com um gesto solene acena que irá atravessar a rua. Na certeza de que foi visto pelo motorista, segue em frente. Sente um pouco de tontura. Deve ser o cansaço. Virara-se muito naqueles dias, trabalhara como um condenado, amara como se fosse jovem, levara empurrões pela cidade ao ir aos correios e ao banco. Correra para dar tempo de passar na faixa de pedestres, antes do semáforo fechar. Caminhara muito hoje. Por tudo isso ele se sente cansado e pisca longamente.

Abre os olhos e vê o carro chegando num átimo. Sacola de pão voou longe. Num instante um silêncio e um branco. O seu instante chegara.
Agonizará no meio da av. Senador Teotônio Vilela, zona sul de São Paulo. Não parou o tráfego. Ninguém anotara a placa.

A vítima não conhecera seu assassino. O assassino não planejara matar ninguém. Mais um impune na cidade. Impunidades.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Dia dos Pais




Há mais de 4 mil anos
Elmesu, um filho amado
Na Babilônia moldou
Cartão pro pai adorado
Desta forma começou
Dia dos Pais festejado

Pôr filho neste planeta
É um plano arriscado
Mas vale a pena saber
Deste seu plano ousado
Plantar árvore, escrever livro
E filho neste legado

Ter na vida sucessores
Vida renovada tem
Se é seu filho ou de outro
Pai é aquele que já vem
Caminhando lado a lado
Faz o bem sem ver a quem

Assim espalha amizade
Bondade e também saber
Vendo os filhos a estudar
Por um novo amanhecer
Feliz do pai que é criança
Faz bem este conviver

Neste dia tão festivo
Muita sorte e alegria
Parabéns é muito pouco
Paz e muita harmonia
Obrigado por ser gente
Inspirando poesia