domingo, 21 de agosto de 2016

A rua que me vê ou eu que vejo a rua?




A rua que me vê
Chora significados
Ressignifica ruídos
Reaviva cores, 
acordando amores 

Emudece o frio
Transmuta brios
Regela pés
Endireita espinhas,
de dorsais curvas

Do tempo,
antropofágicas vias

Do âmago da poesia
Voou papéis, folhas

Mãos vadias
pétreas,  frias



quinta-feira, 11 de agosto de 2016

Sagrado


Fotografia Suely Schraner




“ A fé não é crer no que não vimos, mas é criar o que não vemos” 
–Miguel Unamuno, filósofo espanhol (1864-1936)


Para suportar o nada, 
o não e também o nunca
Louvo a tarde com a brisa
Louvo a fala como crise
Louvo a planta-poesia
Louvo louvar esse dia

De estar e conhecer
Ver, sentir, acontecer
Na potência de uma ideia 
Vitalidade e instinto

Comer, beber e viver

Louvo o crepúsculo morrer
Pra parir um novo dia
O vinho à ferver sinapses
Embaralhando agonia

Louvo o fulgor de uma estrela
Cruzando a noite vadia
A potência da memória 
No estertor da elegia 

Sagrado:

válvula de escape

Esperança, nostalgia

Fotografia Suely Schraner