terça-feira, 4 de setembro de 2018

Duquesa II



Um domingo de passarela. 
O alarido de artistas mambembes e a seresta da rua liberada pra pedestres. 
Duquesa é dourada, macia por fora e ciumenta por dentro. 
Olhos de ver mundo. O mundo  da avenida Paulista. 
Ao lado do dono, seu prado de concreto.
É terna como criança e forte como os mendigos e 
transgêneros,
que sofrem o preconceito do desfile dessa via.
Aos domingos, navega no clima. 
Enfeitada com flores de papel, do alto da carroça. 
Pro sorriso de criança,  é brinquedo. 
Sem paciência com os cães riquinhos que a rodeiam, range os dentes. 
Nesse  inverno que esmaece, aguça os sons da avenida. 
Risadas infantes. Desfile de tantos. 
Ela e ele se entendem. 
Ao crepúsculo adormece em frente a loja de grife. 
Uns passantes esvoaçantes. 
Nem te ligo. 

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