quinta-feira, 26 de maio de 2011

Até agora não fomos assaltados



A segunda-feira chegou e com ela, o amigo suíço, vindo da Austrália. Vontade de conhecer o centro da cidade de São Paulo.

De carona com minha irmã, que trabalhava próximo da estação Armênia, lá fomos nós.  Pra mal dos pecados, os motoristas de ônibus resolveram não sair da garagem. A fila de carros, na avenida 23 de Maio, bibelôs de asfalto.

Horas depois, respirado todo o monóxido de carbono a que tínhamos direito, apeamos no Anhangabaú.  Meu amigo pálido e nauseado, explicava que estava passando mal, resultado de uma hepatite adquirida na Índia, por onde andara recentemente.

Paramos num mercadinho para comprar maçã. Dizem que é um bom antídoto para enjôo. Aliviados subimos a Líbero Badaró. Na praça da Sé uma parada na guarita, que fica defronte à catedral. Surpresa. O “guarda” falava inglês e até deu dicas ótimas de turismo.

Rumamos até o Pátio do Colégio. Aí também o guia se esforçava para explicar em inglês que o local é o marco inicial do nascimento da cidade de São Paulo. Que, estando no alto de uma colina entre os rios Tamanduateí e Anhangabaú, foi escolhido para iniciar a catequização dos índios. Contou da inversão do rio e dos fragmentos de uma parede do antigo colégio, que procura simular a original seiscentista, feita de barro misturado com grãos de areia e brita. Dizem que,até sangue de boi foi usado para dar liga.

No alto do Edifício Altino Arantes, nossa guia também arriscava umas palavras no idioma de Shakespeare.  Eu pasma com tão boa recepção e meu amigo extasiado numa São Paulo improvável.  No alto do edifício Arantes, clicou tudo com sua câmera descartável. É que em sua terra natal o haviam alertado para não andar com câmera fotográfica boa, senão seria roubado na primeira esquina.  De lá, caminhamos até a Rua Aurora. Bar do Leo e os deliciosos bolinhos de bacalhau com chope bem tirado e a nossa boca do lixo bem ao lado. 

Próxima parada: praça da República.  Olhar São Paulo com olhos de turista.  Ver e reparar. No Edifício Itália, permissão dada e subir até o Terraço Itália. Diante da vista deslumbrante, um lamento por não ter na mão uma câmera digna da visão. E ainda mais, a alegria do privilégio em assistir ao ensaio no piano bar.
De passagem pela avenida a Liberdade, o deslumbramento pela nossa  Chinatown e a boa gastronomia.

Mais metrô e chegamos ao maior centro financeiro, a av. Paulista. Um banho cultural em meio a greve de ônibus e trânsito caótico que nos assola.
No parque Trianon, uma gritaria. Um mendigo sojigando outro, por conta de algo encontrado no lixo.  

Flanar. Da Casa das Rosas, Itaú Cultural, Exposição na FIESP até o MASP mais imersão cultural.  Na Augusta, pausa para um café expresso.

O sol se punha e uma brisa leve indicava que era hora de voltar. O amigo exclamou:” São 17 h e até agora não fomos assaltados! São Paulo não é nada do que falam na Europa”. 

fotos da web

6 comentários:

  1. É, e não é, Suely. Tudo depende de onde se anda, e com quem se anda. O paulistano sabe como evitar os pontos muvucados, e se andar em grupo, o perigo é pequeno. Já o turistão deslumbrado- se é que o Centro ainda comporta, como antes, deslumbramento- este sim, bobeou, dançou. Belo texto. Abraços.

    ResponderExcluir
  2. Olá,Suely!
    Que lindo texto!
    Fiquei encantada,assim como o amigo australiano, pois você nos mostrou uma Sampa do jeito que gostaríamos que ela fosse,ainda...
    Seu carinho e dedicação ao levar o amigo visitar nossa cidade, fez dela ainda mais bela,mesmo com a feiura que colocaram nela.
    Adorei!
    Posso postar no Memórias de Sampa???
    Muita paz! Beijosssssss

    ResponderExcluir
  3. Luiz Saidenberg: também concordo que devemos estar atentos por onde andamos. E, devemos continuar ocupando os espaços, pois é no abandono que a violência se instala. Muito obrigada, continue me visitando por aqui. Valeu! Abraço.
    Suely

    ResponderExcluir
  4. Soninha: Grata pelo carinho e, claro que pode postar. A cidade ainda pulsa e convém ter um olhar amoroso por toda parte. Valeu!Abraço.

    ResponderExcluir
  5. Pena, que não chegamos a tempo no ex-banespa (um horário errado, via PMSP) e o certo no Santader Cultural ou algo assim (que nunca acessei!!).
    E, estou contigo, os espaços que permanecem ociosos, estão sendo dominados, é claro, que não levaria (tampouco, vou) as conterrâneas do Peter à cracolândia (bom senso, sempre!).
    São Paulo, é um lugar lindo, apesar desta insanidade de distância curta e viagem longa para qualquer lugar, e amei o relato, é preciso apresentar a realidade, afinal, a ficção está na TV e no youtube ao redor do mundo!!
    Passeio citado:
    http://wilsonsacramento.blogspot.com/2011/05/cinq-filles-suisses-chez-nous.html
    Abraços, Wilson

    ResponderExcluir
  6. É isso aí Wilson! E como disse o Sérgio Vaz, da Cooperifa, "São Paulo é uma cidade no cio. Por isso, transa com todo mundo e em todos os lugares. É bonita porque é feia, e como toda feia que se preza, beija mais gostoso. Que os Vinicius me perdoem, mas feiura é fundamental". Grata pela visita e compartilhamento. Valeu mestre!

    ResponderExcluir