Quando eu era menina, brincava de passa anel. Também de
contar casos. Queimada nem pensar. Lerda demais. Pular corda não dava. Muitas
marcas nas canelas. Subir em muros, árvores, nada disso. Sonsa de tudo. Minha
brincadeira mais arrojada era jogar peteca.
Curtia a interação com a natureza e de como a
percebíamos. Não me acanhava em construir bichinhos com maxixe, chuchu ou
batatas. Fazer “cozinhadinhos” de mentira, em panelinhas de ferro presenteadas
pela madrinha.
Bambolê eu experimentei, mas era um aro qualquer. Aspiração à bailarina, quem sabe... Cintura
fina, talvez.
No carnaval pulava contente, esguichando lança-perfume
nos outros. Não era proibido ainda.
Dizem que no Antigo Egito, encontraram bonecas em túmulos
de crianças. Eram feitas de madeiras, banhada na argila, com forma de espátula
e cabelos de verdade. As minhas eram de
pano. Bruxinhas que a vó Tutinha fazia. Eu costurava seus vestidinhos imitando
o figurino das heroínas da revista Grande Hotel. Folhear revistas de adultos me
embevecia.
Consta que a fabricação de bonecas com objetivos
comerciais teve início na Alemanha e em Paris, por volta do século XV. Eram
feitas de terracota, madeira e alabastro (tipo de pedra). Um dia eu ganhei uma
boneca de porcelana. No colo da minha avó chacoalhei tanto, que a dita escapou
da minha mão e virou mil cacos no chão. Durou só um dia.
Adorava minhas bruxinhas chacoalháveis. Queridas de cores
e amores. Esplendores infantis.E brincava divertida nas enchentes que afligiam os
adultos do povoado.
Tão boba, doei meu anelzinho, presente da Dindinha, para a
campanha “Doe Ouro para o Bem do Brasil”. Eu, hein?
Menino, brincava de tudo: pega-pega, cabra cega,
esconde-esconde, atirar pedras em árvores e até com estilingue, matando os
passarinhos. Mocinho e bandido.
Em São Paulo, dentre as proibições prescritas pelo artigo
142 do Regulamento Geral do Trânsito, era proibido a prática de futebol nas
vias públicas (Estado de SP, fevereiro de 1954). Já em 1958 o Brasil foi campeão
do mundo na modalidade.
E você, do que brincava?
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