Suely Aparecida Schraner
quinta-feira, 7 de abril de 2022
terça-feira, 4 de setembro de 2018
Duquesa II
Um domingo de passarela.
O alarido de artistas mambembes e a seresta da rua liberada pra pedestres.
Duquesa é dourada, macia por fora e ciumenta por dentro.
Olhos de ver mundo. O mundo da avenida Paulista.
Ao lado do dono, seu prado de concreto.
É terna como criança e forte como os mendigos e
transgêneros,
que sofrem o preconceito do desfile dessa via.
que sofrem o preconceito do desfile dessa via.
Aos domingos, navega no clima.
Enfeitada com flores de papel, do alto da carroça.
Enfeitada com flores de papel, do alto da carroça.
Pro sorriso de criança, é brinquedo.
Sem paciência com os cães riquinhos que a rodeiam, range os dentes.
Nesse inverno que esmaece, aguça os sons da avenida.
Risadas infantes. Desfile de tantos.
Ela e ele se entendem.
Ao crepúsculo adormece em frente a loja de grife.
Uns passantes esvoaçantes.
Nem te ligo.
terça-feira, 17 de julho de 2018
Fifi
Bater asas não valeu
Bote certo e o beija-flor
Como a rosa, feneceu
Sobra azul pelo quintal
Só tristeza
Penas mil
domingo, 27 de maio de 2018
Mambembe
Mambembe
Por:
Suely Schraner 23.05.2018
Um dia outono
sol gélido lá fora
para além do ar condicionado
O busão cavalgava nas crateras paulistanas
Aí ele entrou
Suburbano
ele e o seu violão à tiracolo
Magro – os dois
Acordes a espantar o marasmo
Passageiras agonias
Primeira, segunda, quebra de asas
Brecadas secas a requerer equilíbrio
A vida na corda bamba
Sem rede de proteção
Melodias ecoam
suavizam o trajeto
Amortecem raivas, desesperanças
Passageiros vasculham seus bolsos
Minúsculo tilintar
Lembranças, moedas, porvir
Ir e vir
Cachês? Qual o quê.
A canção final:
“eu quero apenas cantar meu canto.
Eu só não quero cantar sozinho”
Era outono
Era manhã
Era musical
terça-feira, 10 de abril de 2018
No ventre do ônibus
Discurso no ventre do ônibus
Por: Suely Schaner
Aquele que nunca errou
Ainda assim, crucificado
Ele não tava na cruz tirando selfie, não
Minha gente,quem nunca errou?
Alguns vão pra igreja esquentar banco
Mas não têm coragem de dizer:
bom dia! Boa tarde! Boa noite!
Na igreja é fácil
Só chegar e escutar a palavra de Deus
Agora, pregar no coletivo, quero ver.
Vir aqui e falar dele, poucos vêm.
Uns viram o rosto
Outros fingem dormir
Alguns empinam o nariz
Agora, se um presidente põe milhões no bolso
Lesa gente, lesa pátria
É nada
Agora, um ribeirinho não tem televisão, nem luz nem nada
Vive do peixe e a gente se afundando por causa dos materialistas que a gente põe lá
Precisando de pegar moedinhas pra sobreviver
Negão aqui tem que trabalhar
A gente não é vítima, é cara de pau
e tem que aprender a votar
Então a gente merece o que passa
Vai morrer meu! A terra vai comer tudo
Branco, negro, rico e pobre
Quero ver quem vai sobrar
Quem puder contribuir com 1 realzinho
Tem a balinha de morango
Tem também a de frutas
Muito obrigado
Agradecido
quinta-feira, 5 de abril de 2018
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